Arquivo/Salvar como... por Andreza Rodrigues

ARQUIVO/SALVAR COMO...

               Lembro-me do tempo em que eu não tinha responsabilidades, eu ficava na frente do computador com o word aberto e pensando: O que vou escrever agora? Aquele barulhinho de teclas, mesclado com meus pensamentos, era fascinante. É fascinante.

                Hoje eu fiquei pensando nos temas que provalvemente ninguém deve ter tratado, estou tentando ser original pra vocês meus caros leitores. Espero que estejam gostando da leitura até aqui. Vamos dizer que foi uma pequena introdução, ok?

               Bom, no lugar onde eu estou, tem uma moça de cabelos verdes, comendo um Mc Feliz, eu ouvi ela dizendo que queria o brinquedo, ela deve ter mais ou menos a minha idade, eu também já fiz isso e tenho meus brinquedos até hoje. O moço que está com ela, só come a batata, ele tem cabelos até mais ou menos os ombros e são bem cacheadinhos e bem lambidos por sinal, ele usa óculos também.

Eu fico olhando as pessoas, como elas comem, como cruzam as pernas, como rasgam o saquinho com a boca e sem elas perceberem sujam a gola da camisa, pequenas gotinhas de ketchup.

               Tá muito frio hoje, minhas mãos estão rígidas.

               Acho que todo mundo já deve ter se imaginado daqui a alguns anos. Eu fico pensando o que será que vai sobrar deste mundo para aqueles que estão chegando,  se as coisas serão iguais e se ainda poderá acontecer o pior... Eu fico pensando em como eu serei, mas depois eu não penso mais, porque é tudo tão inesperado e doido, não é mesmo? Por exemplo, eu nunca pensei que eu estaria agora com uma jaqueta de couro, de cabelos curtos com batom vermelhão. Olha como a vida é louca?

             Vou dar uma pausa e reler o que escrevi até aqui...já volto.

             Sabe quando você fica estátua? Olhando pra tela e pensando no que escrever? Foi o que passei por este instante.

             Fico imaginando, vocês caros leitores, lendo os textos que nós, Colunistas do PALCO, escrevemos pra vocês.

            Quem são nossos leitores? Será que eles estão gostando? O que eles gostariam que nós falassemos? O que eles estão pensando dos nossos textos? 

            Oh meu Deus, que mistério!!!

             Tava pensando aqui também em como o mundo cada vez mais exige a nossa criatividade. Ser criativo, moderno e diferente...tudo ao mesmo tempo. Uma loucura. Até nas escolas está dificil ganhar nota.

             A professora sempre vem com aquele papo: "Sejam criativos e originais, mas lembrem-se que menos é mais!" Isso é muito contraditório, é de deixar a gente maluco! Pior é quando o trabalho é em grupo. Aí a coisa pega; um é mais inteligente, outro concorda com tudo, um não faz nada, o outro que discorda e eu que fico louca. Já passaram por isso?

            Eu não sei vocês, mas me dá tanto nojo de ver os caras na cara dura limpando o nariz, daquela maneira mais podre, colocando o dedo no nariz, sem cerimônia, tira o dedo lá do fundo do salão e ainda olha pra sujeira que sai lá de dentro, coisa mais natural do mundo. Gente, eu acho um absurdo, se eu fosse a mãe desses caras, eles iam levar chinelada nas mãos e no nariz pra aprender. Onde já se viu? Isso é um estupro para a etiqueta.

            E quando tem um lugar vago pra sentar e você e outra pessoa quer sentar também! Dai fica naquilo: 

- Nao, pode sentar.

- Não, magina, pode você.

- Entao tá bom.

E você continua em pé. Mas o mais impressinante é que esse diálogo todo foi tudo com gestos. Isso eu acho fascinante. Ninguém diz, mas todo mundo entende. Muito foda (este texto é totamente informal, caso esteja lendo em voz alta, mantenha as crianças na sala, ou faça a sua leitura pra você mesmo...quer saber? Você que sabe)

              O ruim de comprar sapato novo é que, às vezes, ele machuca o calcanhar da gente, fazendo aquelas bolhas d´água que ardem muito e ficam te incomodando o dia todo, mas aí quando você vê já se parassam uns meses e ele vira seu sapato favorito.

              Eu não sei se vocês ja passaram por isso (meninas), mas eu lembrei agora e resolvi comentar. Um dia eu fui ao consultório, coisa de rotina e tal, lembro que foi o mesmo dia de tomar vacina de alguma coisa que eu não sei o que era (por falar nisso nem sei por onde anda minha carterinha de vacina..vixe). Enfim, antes de tomar a vacina a moça perguntou:

- Ja ficou gravida alguma vez ou está?

- Não.

Eu em pensamneto fiquei indignada, poxa, eu nem sabia pentear os meus cabelos direitos como que eu ia engravidar? Eu só tinha dez anos de idade...bom na minha época (nossa sua velha!) eu não conhecia nenhuma menina que tivesse engravidado com dez anos de idade, mas hoje em dia eu não sei mais de nada.

              Estou pensando aqui como finalizar este texto, mas por enquanto eu não estou conseguindo pensar no final dele, na minha cabeça está passando muita coisa, eu ouvindo a tecla mistura com meus pensamentos, dá vontade de ficar digitando só pra ficar ouvindo este barulhinho que eu estou fazendo com o teclado. Vocês devem pensar que eu sou louca, e eu digo que eu não me importo se vocês pensarem isto de mim, afinal minha gente, quem é normal hoje em dia, nao é mesmo?

             Teve uma vez... teve uma festa lá em casa (uma daquelas festas que vão parentes que você detesta, que ficam apertando sua bochecha e dizendo que você cresceu e toda aquela babaquice toda), aí a festa acabou todo mundo foi embora, tipo, seis da manhã. Eu estava no quintal e eu fitei um cigarro no chão, eu sem pensar, coloquei na boca, minha mãe brotou da janela, deu um salto mortal, pulou as escadas (isso foi muito foda, muito ninja) e deu uma voadora na minha boca e disse:

Menina, o que que você tá fazendo? 

Eu, vendo estrelas depois da voadora, nem respondi nada, e nem me lembro o que aconteceu depois. Acho que eu subi as escadas e ficou por isso mesmo, aprendi a lição.

O que que isso tem a ver, Andreza? Tem a ver que uma vez eu fui numa festa (este ano mesmo) que eu fiquei sabendo de última hora, não tinha nada pra fazer mesmo, eu tava de férias e eu fui, ai tinha uma galerinha lá, conhecidos e eles estavam fumando, eu perguntei:

- Qual a graça de fumar?

- Não é graça, é o vício.

Eu achei aquela frase incrível, fiquei imaginando como seria aquela frase em um comercial de café, por exemplo: uma moca, toda linda, tipo atriz americana, ou pode ser ate a Grazi Massafera mesmo, ela está numa mesa de um restaurante e diz pro cara, que pode ser Rodrigo Santoro:

- Não é graça, é vício.

Então ele dá aquele sorrisinho de lado e o narrador anuncia o novo aroma do café...enfim, uma viagem. Putz, acabaram meus pensamentos por agora. Vou finalizando por aqui então.

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