Não desisto. Sigo com afinco! - por Anderson Teixeira

Depois de um dia funesto, cheio de decepção, após passar pela mais dolorosa das traições, fecho os olhos para dormir, mas não consigo. Na minha mente uma corrente de pensamentos ativa emoções que são como cafeína nessa noite de insônia. Uma mistura de raiva, impotência, dor, descrença faz meu sangue borbulhar a ponto de acreditar que estou entrando em ebulição.

Quero correr pelas ruas a me expressar, mas eles não me deixam falar, dizem ser perda tempo e errado me manifestar, proíbem que o grito que corre meu corpo seja entoado pelos ares. Acorrentam minhas vontades, prendem meus sonhos em calabouços e torturam minhas emoções enquanto brincam com meus medos. Pintam o que devo fazer e pensar na minha cara, mas me forçam a crer na democracia pelas suas decisões e entregam-me um manual das liberdades permitidas.

Para me calar e fazer aceitar são cruéis, me dão exemplos pelas telas modernas de como posso ficar se me atrever a gritar ou atirar uma pedra no teto de vidro da sua democracia, ameaçam descaradamente. Estabelecem que eu seja ordem em nome do seu progresso.

Eu, homem comum, num quarto de paredes brancas, deitado em posição fetal com as pálpebras fechadas, sinto que minhas mãos querem rasgar a terra, esmurrar os murros até desmoronarem, fazer chover para lavar toda a sujeira e violência que toma esse chão.

Abro os olhos, lá fora o sol timidamente começa a nascer, o que rapidamente me tira da posição fetal e mal percebo já estou de pé. A luz atravessa o vidro da janela e cria pequenos feixes coloridos, aos poucos tudo se inunda desse fenômeno. De cores. Coloco uma jaqueta e estou pronto para correr pelas ruas, deixar o grito sair, rasgar o manual que me aprisiona, porque não posso temer, não vou temer, não me permito temer. Não Temer.